Se você ainda lembra de quando a Rede Globo fez o país inteiro segurar a respiração, a culpa é de Odete Roitman. A personagem apareceu em Vale Tudo em 1988 e virou o maior suspense da teledramaturgia nacional. Até hoje, o nome Odete ecoa em conversas sobre clássicos da TV. Mas, afinal, quem foi essa mulher que virou símbolo de poder e traição?
Odete foi criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, três pesos-pesados da escrita de novelas. Interpretada por Beatriz Segall, a personagem chegou como a matriarca da família Roitman, dona de um império de negócios e de um temperamento de ferro. Seu objetivo era claro: controlar tudo ao seu redor, inclusive pessoas. Quando decide matar o vilão Marco Aurélio, o mistério sobre quem puxou o gatilho transforma a trama em um dos maiores "whodunit" da TV.
A morte de Odete, revelada só no último capítulo, gerou uma corrida nas ruas: quem teria matado a vilã? A curiosidade fez o Brasil inteiro ligar o televisor, imprimir jornais e discutir o assunto nos bares. O desfecho acabou sendo um choque: o assassino foi Leila (Glória Pires), colega de luta que se cansou da tirania de Odete. Essa reviravolta mostrou que a novela sabia mexer com o público, usando o medo e a moralidade como ingredientes.
Mesmo depois de décadas, Odete Roitman continua viva nos memes, nas playlists de trilhas sonoras e nas discussões sobre mulheres poderosas na ficção. Ela representa um retrato brutal da elite brasileira da época, mas também traz um toque de vulnerabilidade ao mostrar que até a pessoa mais forte pode cair. Essa dualidade cria identificação: quem nunca sentiu que precisava ser "dura" para não ser prejudicado?
Além do drama, a roupa de Odete – vestidos elegantes, maquiagens impecáveis – virou referência de estilo para fãs de moda retro. Muitos ainda copiam o visual em festas temáticas, provando que a personagem ultrapassou as telas e entrou na cultura pop.
Se você ainda não assistiu Vale Tudo, vale a pena dar uma pausa e mergulhar na história de Odete. O ritmo da trama, as falas cortantes de Beatriz Segall e a maneira como a novela brinca com moralidade são lições para quem curte boas histórias. E se já conhece, relembre os momentos marcantes – a cena da vela, o discurso de poder, o silêncio antes da revelação.
Em resumo, Odete Roitman é mais que uma vilã: é um marco da televisão que ainda inspira debates sobre poder, gênero e ética. Cada vez que alguém menciona seu nome, abre-se uma porta para conversar sobre a força das personagens femininas e como elas podem ser ao mesmo tempo assustadoras e inspiradoras. Então, da próxima vez que você ouvir "Odete Roitman", lembre-se do impacto que uma mulher bem escrita pode ter na nossa memória coletiva.