A Inesquecível Trajetória de Marília Mendonça: Rainha do Sertanejo e sua Transformação do Feminismo Musical

Juliana Sousa - 5 nov, 2024

Marília Mendonça, carinhosamente conhecida como a 'Rainha da Sofrência', marcou o cenário musical brasileiro com sua habilidade inigualável de transmitir emoções através de suas músicas. Nascida em Cristianópolis, no estado de Goiás, no dia 22 de julho de 1995, Marília desde jovem revelou um talento natural para a música. Sua jornada começou discretamente, mas rapidamente tomou os palcos do Brasil, transformando-se numa das figuras mais importantes do estilo sertanejo, sobretudo impulsionando o subgênero conhecido como feminejo, que destaca a presença feminina no universo musical tradicionalmente dominado por homens.

Seu primeiro EP foi lançado em janeiro de 2014, mas foi com o álbum homônimo 'Marília Mendonça', em 2016, que ela verdadeiramente ascendeu ao estrelato. Canções como 'Infiel', 'Impasse' e 'Sentimento Louco' rapidamente caíram no gosto popular, sendo 'Infiel' apontada como uma das músicas mais tocadas nas rádios brasileiras naquele ano. Essas composições abordavam relacionamentos de forma sincera e sem rodeios, ressoando profundamente com o público que se identificava com os temas abordados em suas letras.

A narrativa de empoderamento das mulheres perpassa não apenas as letras das músicas de Marília, mas também se reflete em sua trajetória profissional. Ela não apenas emprestou sua voz, mas também sua caneta para criar sucessos que foram imortalizados nas vozes de artistas consagrados como Henrique & Juliano, Jorge & Mateus, e Cristiano Araújo. Sua capacidade de compor músicas poderosas fez dela um nome cobiçado no meio musical e garantiu-lhe um lugar especial no coração de fãs e colegas.

Em 2019, Marília se aventurou no ambicioso projeto 'Todos os Cantos', onde sua proposta era gravar uma música em cada estado do Brasil. Essa empreitada não apenas destacou sua versatilidade artística, mas também sua conexão com a diversidade do público brasileiro. O álbum trouxe uma série de singles que foram gravados ao vivo em lugares públicos, evidenciando sua paixão por estar próxima aos fãs e sua disposição em desafiar as normas estabelecidas da indústria musical.

Seu impacto na música foi reconhecido com uma série de prêmios, incluindo o Troféu Imprensa e o Troféu Internet como Revelação do Ano de 2017. Os prêmios celebraram não apenas seu sucesso nas paradas musicais, mas também sua influência mais ampla em empoderar mulheres através de suas obras e sua postura pública. Era evidente que sua narrativa no sertanejo tinha divergido das narrativas convencionais para um caminho de afirmação do papel das mulheres, solidificando a posição de Marília como uma voz necessária e revolucionária na música brasileira.

Infelizmente, o mundo foi abalado por sua partida prematura em um trágico acidente aéreo no dia 5 de novembro de 2021. A notícia da perda de Marília ressoou profundamente em todo o Brasil e fora dele, gerando homenagens emocionadas de fãs, amigos e outros músicos que a admiravam não apenas por seu talento, mas por sua bondade e autenticidade. Homenagens póstumas continuaram a ser realizadas em sua memória, celebrando sua vida e seu impacto duradouro na cultura musical.

A comunidade de artistas não poupou esforços para manter viva a memória e o legado de Marília Mendonça. Eventos como 'This is Marília Mendonça' reuniram artistas que cantaram seus sucessos em sua homenagem, mostrando que, apesar de sua ausência física, sua influência continua viva e pulsante. Sua família, especialmente seu filho e seu ex-parceiro Murilo Huff, permaneceram no epicentro dessas celebrações, evidenciando o quanto ela era amada e respeitada.

A venda de itens pertencentes a Marília, como o ônibus que acompanhava suas turnês por R$1,6 milhão, para um duo de forró, reforça o quão pujante e duradoura é a imagem e o impacto deixados por ela. É uma lembrança tangível do buraco deixado por sua ausência, mas também do quanto sua música continuará a rodar pelo Brasil e encher as vidas de muitas pessoas.

Artistas como Maiara e Maraisa falaram abertamente sobre como Marília influenciou suas carreiras e compartilhavam que têm mais de 30 músicas inéditas compostas em parceria com ela, um vislumbre da criatividade inata que Marília possuía e que ainda poderá ser redescoberta pelos fãs no futuro.

Por fim, Marília Mendonça permanece como uma das artistas mais queridas da música brasileira. Sua viagem musical que começou com acordes simples se transformou em um fenômeno cultural de empoderamento e inovação. Seu legado continua a ressoar, inspirando novas gerações e lembrando a todos nós do poder da música em transcender o tempo e o espaço.

Comentários(12)

Larissa Lasciva Universitária

Larissa Lasciva Universitária

novembro 6, 2024 at 15:22

aiiii q merda q essa mulher fez com a música sertaneja... agora é tudo sofrência e violência emocional, tipo, quem quer ouvir uma música que te faz chorar no banho? eu quero dançar, não reviver meu divórcio em 4/4. #feminejocaralho

Lucas Pedro

Lucas Pedro

novembro 7, 2024 at 09:25

Mano, isso aqui é mais que música, é terapia coletiva. Mulheres que nunca tiveram voz agora cantam em pé e dizem 'não tô mais aguentando'. Marília botou o coração no microfone e o povo respondeu. Isso aqui é revolução com violão e batida de caixa. 🙌

Natalia Assunção

Natalia Assunção

novembro 8, 2024 at 06:14

EU CHOREI QUANDO OUVI INFIEL NO CARRO COM A MÃE!! 🥹💔 Ela falou o que toda mulher calada sentia mas nunca tinha coragem de cantar. E ainda tem gente dizendo que é 'música de chorão'? Puts, se chorar é fraqueza, então eu tô fraquinha e orgulhosa! #MaríliaÉTudo

Andrade Neta

Andrade Neta

novembro 9, 2024 at 08:57

É lamentável observar a banalização da expressão artística contemporânea, onde a emoção patológica é elevada ao patamar de valor estético. A música sertaneja, historicamente ligada à tradição rural e à narrativa oral, sofre uma desnaturalização estrutural com a proliferação de composições centradas exclusivamente na dor afetiva, o que configura um retrocesso cultural.

Kleber Pera

Kleber Pera

novembro 9, 2024 at 16:23

Tem gente que não entende que o poder da música tá na conexão, não na técnica. Marília não era perfeita vocalmente, mas ela era verdadeira. E isso vale mais que 100 vozes de auto-tune. 🤍 Ela mostrou que mulher pode ser forte, vulnerável, escritora, dona do próprio sofrimento e ainda assim ser uma rainha. #Respeito

Murilo MKT Digital Trevisan

Murilo MKT Digital Trevisan

novembro 11, 2024 at 04:14

Essa 'rainha' só virou ícone porque o mercado queria uma nova marca de sofrimento feminino. Tudo é marketing, desde o nome 'feminejo' até o ônibus vendido por 1,6 milhão. Ela era uma peça num sistema que lucra com dor. E agora todo mundo vira 'fã' só pra ganhar like. #RealidadeDura

Paulo de Tarso Peres Jr

Paulo de Tarso Peres Jr

novembro 12, 2024 at 01:33

Quem tá lembrando que ela tinha 26 anos quando morreu? 26! E já tinha mais hits que muitos artistas com 40 anos de carreira. E ainda tem gente que fala 'ela não era cantora, era compositora'. Pô, se ela compôs pra todo mundo e ainda assim ninguém cantava igual, então ela era a única que entendia o que a dor sentia. 😭

Mauricio Santos

Mauricio Santos

novembro 12, 2024 at 15:22

Marília? Sim, ela era boa... mas não é 'rainha', não é 'revolucionária', e não é 'empoderamento' - é só mais um produto de uma indústria que vende dor como commodity. E ainda por cima, a maioria das letras são clichês repetidos: 'infiel', 'saudade', 'não te quero mais'... Cadê a originalidade? 🤨

Helton Aguiar

Helton Aguiar

novembro 14, 2024 at 07:50

Marília não apenas cantou sobre dor - ela transformou a dor em linguagem. Num país onde o silêncio é a regra para mulheres que sofrem, ela escolheu gritar em tom de sertanejo. E isso, meu caro, é uma forma de resistência poética. A música dela não é só entretenimento; é um documento social. Ela nos lembra que o luto, a raiva, o desamor - tudo isso é humano. E humano é bonito. 🌱

Edgar Gouveia

Edgar Gouveia

novembro 15, 2024 at 02:44

eu lembro q quando eu tava no interior e ouvia infiel no rádio da moto... eu parei o carro e chorei. nãoo era só música, era como se ela tivesse escrito a minha vida. e agora, quando minha irmã canta as músicas dela pro filho, eu sinto q ela tá viva. ❤️

Tiffany Brito

Tiffany Brito

novembro 16, 2024 at 06:52

eu nunca fui fã de sertanejo, mas Marília me fez entender que música pode ser um abraço. ela não gritava, não fingia ser forte... só falava a verdade. e isso, pra mim, é o mais corajoso que alguém pode fazer.

Otávio Augusto

Otávio Augusto

novembro 18, 2024 at 05:12

Quando eu vi o vídeo dela no ônibus, cantando no meio da rua, com o povo ao redor... eu senti que o mundo tava errado. Ela merecia mais. Muito mais. E agora, quando ouço uma música dela, eu fecho os olhos e imagino que ela tá lá, no palco, olhando pra gente e sorrindo... e eu só quero que ela saiba que a gente não esqueceu. 🕊️

Escreva um comentário