Importação: Guia prático para quem quer trazer produtos do exterior

Quer comprar aquele gadget barato da China ou trazer mercadorias para revender? Antes de fechar o pedido, é preciso entender como funciona a importação no Brasil. Neste guia vamos explicar passo a passo o que você precisa fazer, sem enrolação.

1. Documentos essenciais

O primeiro obstáculo costuma ser a papelada. Os documentos básicos são:

  • Invoice comercial: nota fiscal do fornecedor, com descrição detalhada dos produtos, quantidade e valor.
  • Conhecimento de embarque (Bill of Lading ou Air Waybill): comprova que a carga está a caminho.
  • Declaração de Importação (DI): preenchida no SISCOMEX, reúne todas as informações da operação.
  • Certificado de origem: pode reduzir a alíquota de impostos se houver acordo comercial entre os países.

Se a carga for sensível – alimentos, medicamentos ou produtos químicos – outros documentos específicos podem ser exigidos, como licença da Anvisa ou do MAPA.

2. Custos que aparecem na hora

Além do preço da mercadoria, prepare-se para pagar impostos e taxas. Os principais são:

  • Imposto de Importação (II): varia de 0% a 20% dependendo do item.
  • ICMS: imposto estadual que pode chegar a 18% ou mais, calculado sobre o valor da carga + II + frete.
  • IPI: incidente sobre produtos industrializados, a alíquota depende da classificação fiscal.
  • Taxa de despacho aduaneiro: cobrada pela Receita Federal ao liberar a carga.

Use um simulador de impostos ou peça ao seu despachante para evitar surpresa na hora do desembarque.

Um detalhe que muitas pessoas ignoram é o frete internacional. Ele pode representar 10% a 30% do custo total, especialmente em transporte aéreo. Se o prazo não for crítico, o frete marítimo costuma ser mais barato.

3. Como escolher o melhor despachante

O despachante aduaneiro é quem vai lidar com o SISCOMEX, pagar os tributos e liberar a carga. Procure alguém com experiência no seu tipo de produto e que ofereça transparência nos honorários. Pergunte sobre o prazo médio de liberação e se ele já trabalhou com o mesmo fornecedor que você pretende usar.

Dica rápida: peça referências a outros importadores ou procure avaliações online antes de fechar contrato.

4. Dicas para economizar

Algumas estratégias simples podem reduzir bastante o gasto:

  • Negocie o incoterm (FOB, CIF etc.) para definir quem paga o frete e o seguro.
  • Aproveite acordos de livre comércio – por exemplo, entre Brasil e Mercosul – que podem isentar parte dos impostos.
  • Consolide compras pequenas em um único embarque para diluir custos fixos.
  • Fique de olho nas faixas de alíquota da NCM; mudar a classificação pode baixar o II.

Lembre também de conferir se o produto tem restrição de entrada. Alguns eletrônicos precisam de certificação de conformidade, caso contrário a Receita pode impedir a liberação.

5. O que fazer após a liberação

Com a carga liberada, é hora de organizar a logística de entrega ao seu estoque ou cliente final. Se for um volume grande, contrate um transportador especializado em cargas importadas, que já conhece os procedimentos alfandegários internos.

Não esqueça de registrar a entrada no seu controle de estoque e de guardar todos os documentos por, no mínimo, cinco anos – isso é exigido pela Receita para eventuais auditorias.

Importar pode parecer complicado, mas com a documentação certa, conhecimento dos custos e um bom despachante, o processo fica bem mais tranquilo. Agora que você já tem o mapa, que tal colocar em prática e garantir o melhor preço para seu negócio?