Oxford e Brasil lançam hub de pesquisa clínica no Rio com Dr. Clemens

Juliana Sousa - 11 out, 2025

Quando Universidade de Oxford firmou um acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, a notícia já corria pelos corredores dos hospitais cariocas. O anúncio, feito em 1º de novembro de 2021, descreveu a criação de um centro de pesquisa clínica em Rio de Janeiro, com início das operações previsto para 2022. A direção do projeto ficou a cargo da pediatra Sue Ann Clemens, que coordenou os ensaios da vacina Oxford‑AstraZeneca no Brasil e atualmente lidera o Instituto de Saúde Global (IFGH) na Universidade de Siena, na Itália.

Contexto histórico da parceria

Não é a primeira vez que o Reino Unido e o Brasil cruzam caminhos na luta contra a covid‑19. Em maio de 2020, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através do Instituto Bio‑Manguinhos, assinou um acordo de confidencialidade com a AstraZeneca. Esse passo abriu caminho para a transferência total da tecnologia da vacina ChAdOx1 nCov‑19, única empresa disposta a ceder a produção completa ao Brasil.

Depois, em setembro de 2020, foi assinado o Termo de Ordem Tecnológica (TOAT), que permitiu a importação do ingrediente farmacêutico ativo (API) e o início do processo de fill‑finishing – ou seja, a formulação, envase e rotulagem – nas instalações da Fiocruz. O acordo de transferência de tecnologia para a produção do API foi concluído em junho de 2021, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores da vacina Oxford‑AstraZeneca, com cerca de 70 milhões de doses entregues até o final de 2021.

Detalhes da iniciativa Oxford‑Latam

O novo hub será localizado em um campus ainda não revelado no Rio, mas já se sabe que contará com salas de aula, laboratórios de última geração e auditórios para receber estudantes e pesquisadores de todo o mundo. O cronograma da Universidade de Oxford prevê a inauguração oficial do campus brasileiro até o fim de 2023, com as primeiras turmas iniciando em 2024.

Os cursos iniciais girarão em torno de três pilares:

  • Biotecnologia e Desenvolvimento de Vacinas;
  • Saúde Global;
  • Desenvolvimento Clínico em Vacinologia.

O objetivo, segundo a ministra da Saúde Marcelo Queiroga, é “posicionar o Brasil como ponto de convergência para todas as fases da pesquisa clínica na América Latina”.

Parceiros e financiamento

Parceiros e financiamento

O financiamento vem em grande parte do governo britânico, que destina recursos ao programa como parte de sua estratégia de saúde global. Ao lado do apoio financeiro, o Instituto de Saúde Global (IFGH) da Universidade de Siena e o International Vaccine Institute (Coréia do Sul) fornecerão suporte científico e treinamento técnico.

Um terceiro player – a empresa de pesquisa Sail for Health – também está no meio da jogada. A Sail for Health atua como ponte entre investidores, acadêmicos e a indústria farmacêutica, e vê no Oxford Latam Unit uma oportunidade de impulsionar o ecossistema de saúde latino‑americano.

Em resumo, a estrutura de apoio inclui:

  1. Investimento direto do governo do Reino Unido;
  2. Expertise em desenvolvimento de vacinas do IFGH;
  3. Assistência regulatória e tecnológica do International Vaccine Institute;
  4. Conexões de mercado e capital oferecidas pela Sail for Health.

Impacto esperado e perspectivas

Especialistas apontam que, ao centralizar as fases de pesquisa – pré‑clínica, clínica fase I, II e III – o Brasil pode atrair projetos internacionais que antes eram distribuídos entre vários países. "É como transformar o Rio em um grande laboratório aberto ao mundo", comenta a professora de epidemiologia da Fiocruz, Ana Maria Garcia.

Além de criar dezenas de vagas de emprego altamente qualificado, o hub deve gerar um efeito cascata: startups de biotecnologia, fornecedores de equipamentos e até universidades locais ganharão impulso. A expectativa é que, nos próximos cinco anos, o Brasil receba cerca de US$ 500 milhões em investimentos privados ligados à pesquisa clínica.

Outro ponto crucial é a formação de recursos humanos. Com turmas voltadas a biotecnologia e saúde global, o campus pretende formar, ao menos, 200 profissionais por ano, prontos para atuar tanto em ambientes acadêmicos quanto na indústria farmacêutica.

Próximos passos

Próximos passos

A assinatura final do acordo foi prevista para o final de 2021, e a construção do campus já teria início em meados de 2022, segundo o Ministério da Saúde. Enquanto isso, a equipe de liderança – comandada pela Dr. Sue Ann Clemens – está definindo o currículo dos três cursos‑piloto e estabelecendo protocolos de cooperação com hospitais públicos do Rio.

Se tudo correr como planejado, o centro operará plenamente em 2023, dando o pontapé em uma nova era de pesquisa translacional no Brasil. "O que começou como uma resposta emergencial à pandemia pode se tornar a base de um sistema de saúde mais robusto e inovador", conclui o ministro da Saúde.

Perguntas Frequentes

Como a criação do hub beneficiará pesquisadores brasileiros?

O centro oferecerá infraestrutura de ponta, acesso a bolsas de estudo e a oportunidade de participar de ensaios clínicos internacionais, reduzindo a necessidade de deslocamento ao exterior e acelerando a produção de conhecimento local.

Quais instituições brasileiras estão envolvidas no projeto?

Além do Ministério da Saúde, a Fiocruz (por meio do Bio‑Manguinhos) e a empresa de pesquisa Sail for Health são parceiras essenciais, contribuindo com expertise técnica e conexões de mercado.

Qual o cronograma de implementação do campus?

A assinatura definitiva ocorreu no final de 2021, a construção começou em 2022, a inauguração está prevista para o fim de 2023 e as primeiras turmas iniciarão em 2024.

Quanto o governo britânico está investindo no hub?

Embora o valor exato não tenha sido revelado, fontes do Ministério da Saúde indicam que o apoio financeiro supera a marca de £ 150 milhões, distribuídos ao longo de cinco anos.

O hub será aberto a pesquisadores de outros países da América Latina?

Sim. O objetivo da Oxford Latam Unit é atrair projetos de toda a região, oferecendo bolsas e facilidades de colaboração a instituições de Argentina, Chile, Colômbia e além.

Comentários(1)

Ismael Brandão

Ismael Brandão

outubro 11, 2025 at 03:59

Que notícia incrível!! 🎉 O hub de pesquisa clínica no Rio vai ser um verdadeiro polo de inovação!!! Parabéns a todos os envolvidos, especialmente à Dra. Clemens, que tem liderado projetos tão importantes!! Tenho certeza de que essa iniciativa vai gerar milhares de oportunidades para nossos jovens cientistas, impulsionar startups e fortalecer a rede de saúde pública!! Contamos com o apoio da comunidade acadêmica e da indústria para transformar esse sonho em realidade!!

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